Procura-se

Por traição aos trabalhadores que representa. A cobardia e a desistência não podem ter desculpa.

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2012

Um gajo precisa de chegar à meia-idade para se sentir como se tivesse nascido naquele tempo deixado para trás no dia 25 de Abril de 1974. Estes trinta e sete anos foram bons, mas eles dizem-nos que acabaram. Novos tempos, novos tempos. Mas o cheiro destes novos tempos é antigo, cheira a mofo, ao xaile das beatas nas igrejas e da caridadezinha para comprar um lugar no céu; cheira ao suor dos trabalhadores espremidos até ao tutano por uma oligarquia alimentada por um Estado corporativo; cheira aos pobres que andam pelas ruas, cada vez mais e cada vez mais pobres; cheira aos políticos que se agasalham muito bem com o dinheiro de quem se esforça; cheira ao discurso da “dignidade” no trabalho; da responsabilidade; do sacrifício em nome da nação; cheira a bolor, a lixo e ao perfume doentio de quem engorda com o suor do trabalho alheio; cheira ao desânimo de quem tem de partir para o estrangeiro para ganhar a vida.

Mas dizem: é agora, não podíamos viver como até aqui, acima das nossas possibilidades. De quem, das nossas? Ou das vossas? Que se foda a puta do newspeak que transforma o retrocesso social em inevitabilidade, a pobreza em competitividade, a miséria em crescimento económico! A acalmia precede sempre a tempestade. Não se fiem no descanso que o povo vos está a dar.

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Aos burgueses

“Sois a maioria – em número e inteligência ; portanto, sois a força – que é justiça.

Sois, uns, sábios, outros proprietários; um dia radioso virá em que os sábios serão proprietários e os proprietários serão sábios. Então o vosso poder será completo, e ninguém protestará contra ele.

Enquanto não chega essa harmonia suprema, é justo que aqueles que não passam de proprietários aspirem a tornar-se sábios; porque a ciência é não menos prazer que a propriedade.

Possuís o governo da cidade, e isso é justo, visto que sois a força. Mas tereis que estar aptos a sentir a beleza; é que, tal como hoje nenhum de vós pode dispensar o poder, também ninguém tem o direito de dispensar a poesia.”

Charles Baudelaire, A Invenção da Modernidade, Relógio d’Água, tradução de Pedro Tamen

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Penelope

A amante espanhola.

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O Pacheco

O antigo maoísta preferido aqui do Fradique é, de longe, Pacheco Pereira. Os outros fazem figura de palhaço pobre se comparados com a craveira intelectual do biógrafo de Álvaro Cunhal. O historiador exemplar e divulgador de fotografia amadora é sério e merece toda a consideração por manter um blogue desde a pré-história desta coisa. Ninguém é perfeito, por isso lhe perdoamos a paixão por Manuela Ferreira Leite e o queixume ocasional por causa dos anónimos dos jornais on-line. O Fradique compreende que o orgulho é quase tão importante como a honra, e ninguém gosta de ver um nome enxovalhado na praça pública. E o Fradique tem um especial carinho pela early morning poesia sacada dos sites de citações/quotations do mundo virtual onde habitamos. O copy/paste diário é um saudável exercício de banalidade que mostra um intelectual de rosto humano. Pacheco Pereira merece – 5 estrelas.

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O Alberto

É sempre bom saber que há tipos tipos suficientemente cretinos para desperdiçarem a inteligência elogiando as ideias brilhantes do Álvaro. A trincheira da luta política estupidifica. Uma pena.

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Cuidado com a tensão

A Helena Matos excita-se uma vez mais com uma notícia sobre desvios sexuais.

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AAA

Tiro dos americanos no porta-aviões francês. Pum pum. A sra. Merkel espera que a Europa percorra o longo caminho para recuperar a confiança. Pum. O porta-aviões alemão continua a navegar em alto-mar, sem inimigos à vista. A frota que o protege vai aumentando. A Grécia e o seu governo de burocratas, a Itália e o seu governo de tecnocratas, a Espanha e o yes man Rajoy, Portugal e a sua salsicha Passos Coelho. Está tudo bem, o Quarto Reich é apenas uma questão de tempo. As eleições, a pedra no sapato da sra. Merkel, ainda distam no tempo. Pode ser até que quando chegar à altura elas já sejam desnecessárias. Seja como for, ratificar uma ditadura é mais fácil do que eleger um governo democrático.

Os americanos mijam nos mortos e protegem a produção de droga no Afeganistão. O Nobel da Paz defende o seu amigo israelita e a sua reeleição. Um preto branco que trai o seu sangue africano, um fantoche de poderes mais fortes do que qualquer estado, um refém de uma retórica que ganha eleições mas não conquista o mundo. Pum. Uma aliança germano-americana em perspectiva?

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Hitch

Kathleen Turner

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Fado

Se a tristeza é a essência da nossa alma, premeie-se o fado. Plena crise, Portugal de pantanas, a auto-estima lusa de rastos, e lá vem o galardão da Unesco legitimar a alma lusa. Um prémio sem importância, claro. Património Mundial, como centenas de outras tradições de que ninguém ouviu ou vai ouvir falar. O ego do país encheu-se de empáfia ventosa, e durante algumas semanas toda a gente preferiu esquecer a crise, as tristes e ledas madrugadas do nosso descontentamento troikiano. Agora, já ninguém se lembra. Mas continuamos a curtir a depressão, a gastar o tempo a lamentar o mal que apenas nós poderemos erradicar. A tristeza portuguesa é o mais lamentável fado que escolhemos. Uma forma de impotência pouca disfarçada, uma desistência. Derrota repartida por um povo, como a sardinha partilhada durante o tempo da fome pelos nossos pais e avós. Abdicação, como em Fernando Pessoa.

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